Oriente na Umbanda / O Islam!

O que o Oriente representa na
Umbanda
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A Umbanda
A umbanda originou-se entre a população de etnia banto (região de Angola, Moçambique e parte sul da África) que trouxe para o Brasil uma religião voltada para o culto dos ancestrais africanos e familiares que durante a sua passagem pela vida se distinguiram pela sabedoria (MAGNANI, 1986; LUZ, 1993).
Os bantos (que na língua quibundo significa humanidade) foram fixados, no Brasil, principalmente em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, nas atividades agrícolas e auríferas.
Na umbanda acredita-se na idéia de um ser superior, Zambi, que exprime a infinitude da existência. Além disso há a crença na existência interativa entre o mundo visível e o mundo invisível, na possibilidade de estabelecer por meio do rito, relações com o mundo dos invisíveis, propiciando a sua atuação no mundo dos vivos.
Cabe ressaltar que a umbanda (e o candomblé numa escala menor) fez do sincretismo a sua ponta de lança contra a discriminação religiosa, isto é, só restou ao negro, segundo LUZ (1993) africanizar o cristianismo. Adotou as imagens católicas para poder continuar cultuando as divindades banto-iorubá, porém dentro de uma dinâmica ritual que em nada se aproxima do culto católico (LUZ, 1983). Observamos, porém, que a associação entre os orixás e santos católicos não aconteceu de forma aleatória, mas a partir das referências dadas pela cosmogonia iorubá e banto.
Quanto à afiliação religiosa, os cultos umbandísticos são denominados giras , enquanto que o sacerdote ou sacerdotisa, pai ou mãe de santo. Os iniciados são conhecidos como médiuns e incorporam os espíritos dos ancestrais (eguns); ao contrário do candomblé no qual o rito de possessão significa a manifestação da divindade ou orixá no corpo de seu filho. No candomblé, os espíritos dos mortos ou eguns não possuem o corpo do fiel, eles manifestam-se na sua roupa (MAGNANI, 1986; LOPES et Al, 1987).
Quanto à busca de um significado para a doença, podemos depreender que o equilíbrio da existência se caracteriza pela atuação de fluxo de força mística, cabendo aos rituais umbandistas manter afastados dos fiéis as forças invisíveis que regem doenças, perturbações, infelicidade e fome, entre outros fenômenos (LUZ, 1983; 1993).
Segundo MOURA (1988), a umbanda é a religião mais difundida no Brasil, tendo em vista a prática de medicina popular que acontece em seus terreiros. Esta observação de MOURA nos remete para as formas como a população supre as carências advindas ou da precariedade do Sistema de Saúde ou do reducionismo dos paradigmas utilizados pelos profissionais da área.
A Quimbanda
Para melhor compreensão sobre o surgimento da quimbanda entre as religiões afro-brasileiras é necessário, primeiramente, conhecer um pouco da trajetória do culto de Exú, desde a África até o Brasil.
Na África, Exú está associado ao poder da fecundação e é representado por uma imagem fálica (devido ao formato da sua cabeça ser igual ao de um pênis, Exú não carrega nada sobre ela e isto lhe confere uma característica de independência). Somado a este poder, existe ainda o de ser intermediador entre os seres humanos e os orixás.
Exú é um princípio que representa e transporta o axé , participando forçosamente de tudo, assim, cada ser existente no universo (orum e aiê) tem o seu Exú, assim como no catolicismo cada um tem o seu anjo de guarda e para ele acende velas e pede proteção. Sem Exú, portanto, nada se movimenta, nada se desencadeia, nenhuma ação é concretizada (SANTOS, 1993; LUZ, 1993).
Cabe a Exú garantir o cliclo da existência, promovendo a relação sexual. Está associado à placenta responsável pelo desenvolvimento fetal. Exú é responsável pela circulação do interior do corpo, pela respiração, pela sucção, pela ingestão de alimentos e pela comunicação. Abre e fecha os caminhos e acompanha o orixá Ikú (morte).
No Brasil, o culto a Exú concentrou-se mais no seu poder de mensageiro e intermediador, tendo em vista que ao escravo africano não interessava a procriação, mas sim a proteção de seus orixás na sua luta pela liberdade. Assim, o poder de Exú cresceu de tal forma a ponto deste princípio da existência ser cultuado como uma divindade, como um orixá.
Nos cultos iorubas, ele é sempre o primeiro a ser saudado e recebe parte das oferendas de qualquer ritual, permitindo assim o sucesso da liturgia. Na umbanda, as giras de Exú, de um modo geral, acontecem depois da meia-noite.
No Brasil, apenas no culto iorubá a imagem representativa de Exú permanece com sua característica fálica. Diante da repressão eclesiástica e, tendo em vista que o espaço físico de Exú são as estradas, as encruzilhadas e os portões, os negros escravizados adotaram do catolicismo a representação do diabo para, com esta imagem, temida pelos brancos, afugentar dos terrreiros os senhores e neles imprimir o medo da quimbanda (feitiçaria, em banto).
A quimbanda surge como uma manifestação contrária ao embranquecimento da umbanda, caracterizado pela manutenção do sincretismo religioso e pelo discurso judaico-cristão kardecista. Mas, em decorrência da imagem sincrética e ideológica de Exú, principal divindade da quimbanda, esta religião é percebida como culto do mal, sofrendo portanto a maior carga de repressão (LUZ, 1983; MOURA, 1988).
Atribui-se aos sacerdotes e sacerdotisas desta religião a capacidade de fechar o destino das pessoas e abrí-los para atuação dos espíritos malignos. Porém, cabe ressaltar que na cosmogonia afro-brasileira os conceitos de bem mal; certo e errado são contextuais e dinâmicos, não representando categorias prescritivas ou maniqueístas (LUZ, 1993).
É na quimbanda que as camadas mais proletarizadas encontram as condições para fechar o corpo e, assim, protegerem-se das agressões de uma sociedade excludente e violenta.
O Islã
O tráfico para o Brasil em sua última fase coincide com o processo de islamização da África, em regiões do Senegal e no norte da Nigéria. A religião de Maomé e a cultura malê chegaram no Brasil com os negros escravizados. Os malês ou muçulmis eram adeptos de um islamismo híbrido no qual o ser superior e único era Olorum-uluá (Olorum, iorubá e Alá, árabe).
Foi esse islamismo que criou a mítica de uma etnia altiva, insolente, insubmissa e revoltosa, conhecida como os negros minas. Assim chamados todos aqueles cativos vindos da região do antigo Sudão e embarcados no forte de São Jorge da Mina (LOPES et al, 1987).
Quanto ao apoio espiritual, embora monoteístas, os malês não se separavam de seus talismãs e mandingas (breves e escapulários) que eram fragmentos de papel com inscrições em árabe do Alcorão, a bíblia islâmica. Não é sem razão que o termo mandinga faz parte do nosso vocabulário significando feitiço, porque os malês eram temidos pelas suas feitiçarias e pelo poder de seus patuás.
No que se refere à categoria afiliação religiosa, temos que o sacerdote, o Imã, era conhecido como lemanoe seu auxiliar, como ladano, havendo ainda um corpo de conselheiros constituídos pelos idosos. A oração, ou salah, era praticada cinco vezes ao dia. Por motivos óbvios apenas a peregrinação à Meca não acontecia, no mais todas as práticas muçulmanas eram observadas pelos malês, tais como: não comer carne de porco, usar túnicas brancas e gorros (filá) vermelhos, praticar a poligamia, entre outras.
Do islamismo malê, enquanto prática religiosa, não existe mais nada no Brasil visto que estes escravos ou foram mortos em sucessivas rebeliões na Bahia ou foram deportados por esta mesma razão (RAMOS, 1979).
O islamismo negro ressurgiu com os imigrantes de origem árabe estando praticamente restrito a esta comunidade. Mas, ainda que nos faltem dados discretos, cabe ressaltar o surgimento de uma nova forma de islamismo de origem afro-caribenha denominado rastafarianismo (nome derivado de Ras Tafari, primeiro nome de Haillé Salassié, imperador da Etópia).
Os rastas cultuam Jah e têm uma cultura baseada em alimentação vegetariana e numa forma própria de cuidar da lã (cabelo) que não pode ser penteada, apenas trançada em dreadlocks. Enquanto naturistas não bebem bebidas alcoólicas, não usam drogas, nem fumam tabaco. Por considerarem a Canabis sativauma erva sagrada, permitem o seu fumo. Muitas de suas práticas os tornam semelhantes aos muçulmanos, principalmente no que se refere ao papel subalterno que reservam às mulheres.
                                               Fonte:http://www.uff.br

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